Qui, 01 de março de 2018, 15:55

“Cultura popular: a resistência é a nossa força” foi o tema escolhido para o XLIV simpósio cultural de Laranjeiras.
Terceiro e último dia de debates.

O terceiro dia de apresentações do Simpósio do Encontro Cultural de Laranjeiras, que teve como tema “Nosso palco é a rua”, teve início com a mesa “Políticas Públicas para Arte Pública” mediada por Lindolfo Amaral com a participação do teatrólogo Amir Haddad, representante do Minc (Ministério da Cultura). A discussão gerada a respeito da política pública de cultura no Brasil buscou fazer uma reflexão sobre a importância em preservar as manifestações artísticas e sobre a complexidade que se encontra em avançar na construção de políticas públicas efetivas, estruturantes que possam priorizar a cultura e as artes.

Acerca do papel do estado no tocante à criação dessas políticas, Amir Haddad comenta: “A arte é uma obra pública feita por particular, mas o poder público tem o poder essencial no desenvolvimento e crescimento dessa forma de manifestação do ser humano, não há bom governante se não houver um governante que seja capaz de imaginar isso, é essencial que se pense dessa maneira, a arte necessita do apoio do poder público oferecendo patrocínio para aquilo que o cidadão tem de melhor para dar, isso é um bom governo”.

Com relação à escolha do tema “O palco é a rua”, Amir comenta: “O palco das manifestações culturais é sim a rua, eu trabalho com arte pública, trabalho com arte nos espaços abertos, então eu acho que a rua é o lugar onde a manifestação artística é mais democrática porque não é para um público determinado, nem para satisfazer a vaidade de um artista é uma necessidade social, tem uma função social muito grande, interfere na questão da ordem pública, melhora a ordem pública e é essencial para a saúde da população, por tanto lida sim com a saúde pública, quero deixar bem claro que fazer a arte na rua não é colocar palcos enormes com capacidade sonora gigantesca, e com isso interromper o fluxo das pessoas poluindo sonoramente a cidade, isso não é necessariamente um investimento cultural”.

A segunda mesa do último dia “Os mestres e seus saberes” mediada por Antônio Amaral presidente do Conselho Estadual de Cultura contou com a participação dos mestres Dió, (Samba de Coco do Mosqueiro), mestre Sabaú (Reisado do Marimbodo) e mestra Barbára (Taieira de Laranjeiras) que falaram um pouco das suas vivências e experiências nos respectivos grupos.

Um debate foi iniciado pelo público, pois os mestres falaram sobre suas preocupações com os grupos e a desvalorização do poder público. O mestre Sabaú do Reisado do Marimbondo acrescentou, “Precisamos manter viva nossa cultura, nosso grupo corre risco de acabar por conta da falta de apoio, enfrentamos muitas dificuldades para manter o grupo vivo, os jovens não tem nenhuma motivação para seguir dando continuidade ao grupo”.

Sobre o debate o superintendente executivo da Secult, Irineu Fontes falou “O encontro Cultural foi feito para a valorização da cultura popular, é o único encontro do Brasil que tem esse viés, tem o simpósio com 43 anos, um evento que nunca houve interrupção, é preciso tratar melhor a cidade e tudo isso começa nas salas de aulas ensinando que o encontro cultural não é somente as bandas nacionais que vem se apresentarem a noite, ou nos outros diversos palcos que foram espalhados pela cidade com bandas tocando durante todo o dia, a gestão prefere pensar pelo povo no que é melhor para si próprio, os mestres tem razão ao expor suas reclamações e revoltas, o encontro cultural está a cada dia tomando rumos diferentes, cultura não se faz assim”.

Em seguida dando continuidade ao evento foi iniciada a votação para o tema da próxima edição, como em todos os anos foram apresentados algumas sugestões de temas pelo público e a escolha foi feita em uma votação aberta, o tema vencedor foi “Cultura popular: a resistência é a nossa força” que agitou todo o público por conta dos diversos debates falando sobre a desvalorização da cultura e como a educação e a luta dos mestres é essencial para manter viva a cultura popular.

O Simpósio encerrou as atividades com a apresentação teatral “Os cavaleiros da triste figura”, do grupo Boca de Cena animando o público presente.


Atualizado em: Qui, 01 de março de 2018, 16:00
Notícias UFS